A vaquinha no penhasco
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Um homem sábio e o seu discípulo andavam pela estrada. O caminho era inóspito. Muitas pedras e montanhas. Avistaram, ao longe, uma casinha de aspecto pobre e humilde, e para lá se dirigiram.
Foram recebidos pelo dono da casa e sua numerosa família, e compartilharam a escassa comida e seu espaço para dormir. Interrogado, o dono da casa disse que o sustento deles vinha de uma única fonte: uma vaca da qual tiravam leite. O excedente era usado para efetuar trocas no povoado.
Ambos partiram. Algumas horas depois, o mestre disse ao discípulo: Volte lá, às escondidas, e jogue a vaca no penhasco.
- “Mas mestre, como podes me pedir isto? Não percebes a pobreza de tão numerosa família, e seu único sustento é a vaca?
- Jogue a vaca no penhasco.
Alguns anos depois, aquele discípulo decidiu voltar para pedir perdão por tamanha maldade. Mas, quando chegou, não mais encontrou a pobre casinha. Havia uma construção nova e confortável. As pessoas bem vestidas, o ambiente era de trabalho, e o progresso evidente. Perguntou:
- Saberiam me dizer para onde foram aquelas pessoas pobres da casinha?
- Somos nós - respondeu o homem. - Numa noite, aconteceu um terrível acidente, em que nossa vaca caiu do penhasco, e ficamos sem nossa fonte de sustento. Não tivemos alternativa a não ser buscar trabalho. Descobrimos, então, nossa capacidade, e nosso potencial. Como resultado, temos hoje uma bonita e confortável casa.
Fiquei pensando que a gente se acostuma fácil com situações que poderiam ser mudadas, mas porque nos acostumamos, não fazemos nada para melhorar.
Acostumamos a comer mal, a dormir mal, a respirar ar poluído, a enfrentar filas intermináveis…
Com o tempo a gente se acostuma a dizer sempre as mesmas coisas, a ser sempre do mesmo jeito, e até mesmo apresentar com orgulho os defeitos, para logo justificar-se: “eu sou assim mesmo”….
A gente se acostuma a permanecer impassível diante da injustiça, dos erros e da violência, afinal “o mundo é injusto mesmo”, e continuamos a viver como se fosse normal tudo o que acontece.
Alguns se acostumam a ir à igreja só porque é domingo, mas perderam totalmente a expectativa do sobrenatural em suas vidas.
Outros se acostumam a “não ir” à igreja. Sempre surge alguma festa, um passeio, uma visita, uma dor qualquer, ou alguma coisa para fazer de última hora.
Acostumamos até com aquele pecado, que talvez no começo incomodasse um pouco, mas agora ele se tornou quase de “estimação”. Não vivemos sem ele.
A gente se acostuma com nossos resmungos e murmurações, em responder rispidamente, e logo o “normal” é falar assim.
A gente se acostuma que nos conduzam, que nos digam o que devemos fazer, e de repente já não sabemos mais do que gostamos, o que queremos ou o que somos.
A gente se acostuma com as máscaras usadas para passar ao mundo uma imagem de nós mesmos que não é real, e quando decidimos tira-la está tão pegada ao rosto que já não sabemos mais qual é o nosso verdadeiro eu.
Acostumamos-nos tanto com as estrelas no firmamento, que se um céu estrelado aparecesse apenas uma vez a cada século seria o maior de todos os espetáculos. Mas ao acostumarmo-nos com as maravilhas da natureza logo já não somos capazes de ver mais beleza em nada.
Jesus nos ensinou uma profunda e bela oração, o “Pai Nosso”, mas já não pensamos mais nas palavras proferidas. Agora ele sai da nossa boca ligeiro como uma “reza”. Tudo porque nos acostumamos.
Sabe aquelas coisas que insistem em “impedi-lo” de melhorar, de sair do seu conforto e de cumprir em sua vida aquilo que um dia Deus planejou para você?
A que estilo de vida você se acostumou, e que o fez perder sua graça e o lampejo dos olhos?
Cuidado, porque Deus pode estar querendo jogar essas coisas “penhasco abaixo” pra ver se você se mexe.
Li algures que “o grande perigo que enfrentamos não é a morte nem a dor, mas de morrermos antes de morrer, aquela morte prematura ao qual se continua a viver ainda por muito tempo”.
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